PENSANDO COM VOCÊ



ESQUEMA DA LÓGICA

DO FUNCIONAMENTO  PSÍQUICO



NASIO, Juan David: O prazer de ler Freud. Rio de Janeiro: Jorge zahar, 1999.

                                                

SENA, Fledson Rodrigues*

                                                                                 pastorfledsonsena@hotmail.com



Entender a lógica do funcionamento psíquico é buscar responder as seguintes perguntas: Qual a causa dos nossos atos? Como funciona nossa vida psíquica? Para isso é preciso analisar a concepção freudiana da vida mental. Embora a complexidade, é possível compreender alguns esquemas elementares para posteriormente responder as indagações anteriores. Alguns temas são fundamentais para o entendimento da lógica do funcionamento psíquico: como o inconsciente, o recalcamento, a sexualidade, o complexo de Édipo, as três instâncias psíquicas que são o eu (ego), o isso (id) e supereu (superego).

Partindo da premissa de que na vida psíquica a tensão nunca se esgota, ou seja estamos em constante tensão e que a redução ou busca pela redução da tenção, em psicanálise chama-se de “Princípio de desprazer”. Mas para compreender do que se trata o Princípio de desprazer faz-se necessário discernir duas características próprias do psiquismo: a primeira a de que a excitação é sempre de origem interna e nunca externa. A segunda, a de que esse representante, depois de carregado uma primeira vez, tem a particularidade de continuar permanentemente. É exatamente essa tensão que o aparelho psíquico tenta escoar, sem, contudo nunca chegar a fazê-lo verdadeiramente. Essa tentativa inútil Freud chama de desprazer. Coexistem então um estado de desprazer efetivo e incontornável e outro, de forma inversa um estado hipotético de prazer absoluto. Dessa forma é possível dizer que no psiquismo a tensão nunca desaparece totalmente. As razões por que isto acontece são três: primeiro, a fonte psíquica é inesgotável. Segundo, não há como dar uma  resposta   motora imediata, capaz de evacuar a tensão, pois  o psiquismo não pode funcionar como o sistema nervoso. Terceiro, o fator decisivo que Freud denomina de recalcamento. Pode-se falar agora de dois grupos distintos representados pelos princípios de “prazer-desprazer” que governa o segundo grupo chamado princípio de realidade. Assim, o primeiro grupo constitui o sistema inconsciente que tem a função de escoar a tensão tentando a atingir a descarga total e chagar ao prazer absoluto. O segundo grupo constitui o sistema pré-consciente/ consciente, que busca igualmente o prazer, mas de forma diferente do inconsciente. Pois, tem a função de redistribuir a energia, escoando-a lentamente, seguindo o princípio de realidade. Já o recalcamento é uma condensação de energia que impede a passagem de dos conteúdos dos inconscientes para o pré-consciente. No entanto, não trata-se de uma barreira infalível, pois alguns conteúdos inconscientes e recalcados passam adiante, irrompendo abruptamente na consciência surpreendendo o sujeito, sem a capacidade de identificar sua origem inconsciente gerando angústia. Logo, existem diferentes tipos de descargas proporcionadoras de prazer: uma hipotética, imediata e total, completamente hipotética e outra mediata e controlada pela atividade intelectual. E, por fim, uma descarga mediata e parcial. Nesse sentido, a abordagem sobre o inconsciente remete aos diferentes pontos de vista estabelecidos por Freud; o inconsciente do ponto de vista descritivo o que se dá do ponto de vista de um observador sendo eu mesmo, por exemplo, diante de minhas próprias manifestações inconscientes ou das manifestações provenientes do inconsciente do outro. O inconsciente do ponto de vista sistemático em que a fonte de excitação chama-se representação de coisa, e os produtos finais são deturpações do inconsciente. O inconsciente do ponto de vista dinâmico a luta entre a moção que impulsiona e o recalcamento que resiste. Esses derivados mascarados do recalcado chamam-se produtos inconscientes. O inconsciente do ponto de vista econômico o que é adotado para desenvolver o esquema do funcionamento psíquico e fonte de excitação se chamará representante das pulsões. Definição do inconsciente do ponto de vista ético é o chamado desejo, que é inconsciente e jamais abandonado se considerado do ponto de vista da sexualidade, em outras palavras do ponto de vista do prazer sexual. Sendo assim, têm-se as condições para formular a premissa fundadora da psicanálise. Em que os atos involuntários, não somente são determinados por um processo inconsciente, mas, sobretudo possui um sentido. A questão agora é: o que é um sentido? E qual o sentido de um ato involuntário? O significado seria que o ato involuntário reside no fato de ele ser o substituto de um ato idealizado, de uma ação impossível que deveria ter-se produzido, mas não ocorreu. Qual o sentido oculto dos atos? O sentido de nossos atos é um sentido sexual porque a fonte é um e o objetivo dessas tendências é sexual. Isso leva a análise do conceito psicanalítico de sexualidade que não está reduzido ao contato dos órgãos genitais de dois indivíduos, nem à estimulação de sensações genitais. Mas, tem-se uma concepção muito mais ampla. Pois para psicanálise toda conduta que partindo de uma região erógena do corpo, que apoia-se numa fantasia e que proporcione certo tipo de prazer é sexual. Mas, para melhor esclarecer a diferença entre o prazer orgânico e o prazer sexual é preciso compreender as noções de necessidade, desejo e amor. A necessidade é a satisfação através de um órgão com um objeto concreto e não uma fantasia. O desejo é a pulsão sexual, respeitando duas condições, primeiro o objeto sendo ele o absoluto do incesto, e o meio de chagar a ele é o corpo excitado de um outro que também deseja. As pulsões sexuais apresentam-se em três principais destinos: o recalcamento, sublimação e a fantasia. O recalcamento é uma pulsão do eu. A sublimação é o desvio do trajeto da pulsão, mudando seu objetivo, substituindo o objeto sexual ideal por outro objeto não sexual e de valor social. A fantasia é não só a mudança de objetivo, mas uma mudança de objeto, em vez de um objeto real, o eu instala um objeto fantasiado, uma forma de deter o ímpeto da pulsão sexual. Há ainda, a capacidade de eu transformar o amado real em objeto fantasiado, trata-se de uma torção do eu chamada narcismo. O narcismo é o estado singular do eu quando ele toma o lugar do objeto sexual e se faz amar e desejar pela pulsão sexual, ou seja, antes de fazer do amado um objeto fantasiado, ele faz ele próprio objeto fantasiado. As pulsões sexuais levam a análise de um ponto longínquo na infância. Pode-se destacar três fases na história das pulsões sexuais infantis, são elas: a fase oral, a fase anal e a fase fálica. Essas fases são imprescindíveis para a compreensão do complexo de Édipo. Na fase oral quando o apego aos objetos reais é um apego a objetos fantasiados e que esses objetos fantasiados são o próprio eu. Na fase anal quando o objeto real materializa o objeto das pulsões. Na fase fálica precede o estado final do desenvolvimento sexual, como nas outras fases o objeto real serve de base para o objeto fantasiado. Nessa fase todos a crianças acreditam que têm ou deveriam ter “um falo” é quando a diferença sexual entre homem e mulher é percebida pela criança e como uma oposição entre os possuidores do falo e os seres privados do falo. Assim, para o menino o objeto da pulsão, o falo, é a pessoa da mãe, a mãe fantasiada e ás vezes o pai fantasiado como um modelo a ser imitado. No caso da menina essa fase é mais complexa. O grande momento durante o Édipo feminino é a decepção que a menina sente ao constatar a falta do falo de que ela acreditava ter sido dotada. O que assumirá a forma acabada de um afeto de inveja e posteriormente o meu de perder o amor vindo do amado. Assim, existem as pulsões de vida e pulsões de morte. A primeira o objeto são as ligações libidinal o atamento dos laços, por intermédio da libido, entre o psiquismo e o corpo. A segunda é o desprendimento da libido dos objetos, que visa seu desligamento e o retorno do ser vivo à tensão zero.

Diante da análise do livro: O prazer de ler Freud, de Juan David Nasio, é possível afirmar que a energia da tensão é sempre renovada numa contínua fonte em movimento, mas que encontra uma barreira chamada recalcamento. Onde uma parcela de energia que não transpõe a barreira fica armazenada no inconsciente reativando a fonte de excitação. Mas, quando uma parcela de energia ultrapassa a barreira exterioriza-se sob a forma de prazer parcial próprio à formação do inconsciente. E que as respostas estão no passado infantil.

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Pós-Graduado em Psicopedagogia Institucional e Clínica com Docência no ensino Superior.  Inst:.    Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.

Fledson Sena







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