segunda-feira, 31 de outubro de 2011

SOBRE: As "Sete Lições Sobre Educação de Jovens e Adultos"


SETE LIÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

(RESENHA)
FONTE:

Pinto, Álvaro Vieira, 1909 – Sete lições sobre educação de adultos/Álvaro Vieira Pinto: introdução e entrevista de Demerval Saviani e Betty Antunes de Oliveira; versão final revista pelo autor. – São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1987.
 
 
Em sua obra: Sete Lições sobre educação de adultos, Álvaro Vieira Pinto faz uma abordagem sobre temas, dos quais passamos a analisar com olhar crítico-constritivo.  Temas que podem de alguma maneira influenciar na prática pedagógica de nossos professores, nos mais variados níveis de ensino e principalmente aos professores de jovens e adultos.
O primeiro tema explora o conceito de educação, em seus dois significados, estrito e amplo. No sentido restrito, que é o da pedagogia clássica, convencional e sistematizada, a qual se refere às fases infantil e juvenil da vida do ser humano, quanto aos aspectos educacionais. Já em um significado amplo tem como foco à existência humana em toda a sua duração e em todos os seus aspectos.
Nesse sentido, a educação é vista como processo no qual a sociedade forma seus membros para atenderem os anseios desta sociedade, ou seja, a educação é trabalhada segundo os interesses da sociedade. Segundo o caráter histórico-antroplógico da educação, observa-se a educação como um processo, como um decorrer de um fenômeno, portanto um fato histórico. Sendo por isso, histórico em dois sentidos, primeiro no sentido de representação histórica e segundo, no sentido da vinculação à fase vivida pela comunidade em sua evolução.
Assim, em termos conceituais a educação é vista como fato existencial, como fato social, como um fenômeno cultural, como uma modalidade de trabalho social, como uma natureza contraditória, como essência concreta e como processo exponencial.
O segundo tema faz uma relação entre conteúdo e a forma da educação. Por isso, faz também uma abordagem do conceito ingênuo, onde o conteúdo apresenta a definição de totalidades dos conhecimentos que se transmitem do professor ao aluno. Outra abordagem se refere ao conceito crítico do conteúdo em que envolve a totalidade do processo educativo, a qual está sempre presente em cada ato pedagógico.
No sentido exposto acima, o conteúdo da educação, tal como a forma, tem eminentemente serial e histórico. O que significa dizer que se defini cada fase, onde cada situação de evolução de uma comunidade é vista sobre ótica diferente.
O segundo tema trata ainda, sobre a forma da educação, sendo entendida como uma realidade destacada do conteúdo. Por isso, que a tendência está concentrada na melhoria dos procedimentos, bem como de técnicas pedagógicas.
No terceiro tema fala da concepção ingênua e crítica da educação, onde a concepção ingênua é aquela que acredita que suas idéias não são procedentes de idéias anteriores, ou seja, que não provem da realidade.
Já a consciência crítica é aquela que possui uma percepção dos condicionamentos objetivos que fazem ter tal representação. Nesse sentido, torna-se verdadeiramente autoconsciência.
Como quarto tema, traz uma análise das características que distinguem as modalidades de educação infantil e educação de adultos com relação à tarefa geral da educação. A educação é vista como uma tarefa social em que nada está isento a ela e que se trata de processo contínuo durante toda a vida do indivíduo. Sendo, por isso, o aproveitamento das capacidades do todo social em seu benefício.
Diz ainda que, a distinção entre as modalidades se dá apenas em relação ao desenvolvimento fisiológico e psicológico do homem, também pela possibilidade de trabalho e da estrutura social que determina as normas vigentes. No entanto, não se pode reduzir o adulto à criança, nem tão pouco tratar a criança como adulto.
Neste sentido pode se dizer, que a distinção de idades se traduz pela distinção de experiências acumuladas, isto é, da pré-escola que a sociedade concede a criança e ao adulto em razão do desigual período de vida que cada possui.
O quinto tema faz uma análise reflexiva sobre o estudo particular do problema que envolve a educação de adultos, discute a realidade social do adulto e sua condição enquanto trabalhador e o conjunto de experiências e conhecimentos básicos que o mesmo pressupõe.
O adulto sendo membro da sociedade é responsável pela força de produção para manutenção desta sociedade, por isso, é um ser pensante e atuante em sua comunidade desde seja concedido a ele, adulto, as condições para modificar suas atitudes as quais estão interligadas a sua perspectiva de vida. Logo, a educação de adultos é uma condição necessária para o avanço do processo educacional nas gerações infantis e juvenis.
É exatamente por isso, que o educador deve considerar o educando como um ser pensante, um portador de idéias, o qual é dotado de alta capacidade intelectual, revelando-se espontaneamente em sua conversação em sua crítica aos fatos, em sua literatura oral. É papel do educador, criar as condições de estimulo para estas conversações aconteçam.
O sexto tema traz novamente uma abordagem sobre o problema da alfabetização, refletindo que antes de considerar o educando como analfabeto, considera-lo como ser humano, como um indivíduo que tem a sua história com suas próprias experiências de vida.
Levanta ainda, que é preciso desmistificar e anular o pensamento da consciência ingênua na qual acredita que o indivíduo e só o indivíduo é responsável pelo seu próprio analfabetismo, como se o analfabeto fosse uma estado de vício de formação individual, onde a responsabilidade recai sobre o analfabeto e sua família, excluindo a sociedade da sua responsabilidade de educar os seus cidadãos. Assim, se o adulto se torna analfabeto é porque as suas condições de vida o levaram a tal condição, ou seja, as suas condições materiais lhe permitiram apenas o mínimo de conhecimentos e de aprendizagem adquirida de forma oral.
Um aspecto, na análise é sobre a finalidade que a sociedade dá à alfabetização de adultos, em que a sociedade relaciona a alfabetização ao processo produtivo, revelando assim uma alfabetização para o trabalho. Nesse aspecto chama a atenção que se a finalidade de alfabetizar está relacionada ao trabalho, então o indivíduo pode permanecer analfabeto, pois ainda proporciona todo o trabalho que dele a sociedade pode obter.
O sétimo e último tema, faz um questionamento com relação à formação do educador, perguntando essencialmente “Quem educa o educador?”.
Lembra também que do ponto de vista da consciência crítica não existe uma verdadeira função do professor a não ser diante da intensificação das influências sociais. Logo, é a sociedade quem dita tipo de concepção que cada educador deverá ter dentro do seu exercício profissional. Por isso, a própria sociedade está sempre delegando os alguns de seus membros a função de educar os jovens e adultos.
Portanto, o educador deve ter, sempre, a compreensão de sua formação de que tipo de sociedade ele participa, a qual atua de forma indireta e diretamente na sua formação. Nesse ponto, diz que a sociedade educa o educador dentro de um processo complexo, cada vez crescente.
Mas, verdadeira condição para o aperfeiçoamento do educador se encontra não somente na sensibilidade de estímulos, mas antes de tudo na consciência de sua natureza inclusa como sabedor e como não poderia deixar ser, como um ser crítico.
Percebe-se que, as idéias contidas no livro “Sete Lições Sobre Educação de Adultos” (Álvaro Vieira Pinto, 1987), traz um pensamento de um homem que vivia muito além de seu tempo. Suas idéias sobre educação de jovens e adultos, apresentam uma vivacidade, pois traça a realidade da educação brasileira, quanto a seu papel de formação de seus cidadãos, de formação de seus educadores e da sociedade como um todo.
Portanto, um povo consciente e educado, conhecedor dos seus direitos e deveres é um povo que se mobiliza na aquisição de mais direitos na expectativa de melhoria da vida individual e social. Por isso, é papel fundamental da sociedade criar mecanismos que propiciem ao seu povo a liberdade de tornar esclarecido e construtor da vida social para o social.  

FALANDO SOBRE O AUTOR:
Álvaro Vieira Pinto, proveniente de classe média pobre, teve necessidade de trabalhar logo cedo. Foi aluno do colégio dos jesuítas, o Santo Inácio no Rio de Janeiro. Estudou também na Faculdade Nacional de Medicina, onde teve contato com muitos intelectuais que naquele tempo estavam saindo da agitação do período da Semana de Arte Moderna. Seguiu a carreira médica com muita dificuldade, porque logo depois seu pai passa por um fracasso econômico e ficou sem apoio, tento por isso, que trabalhar para sustentar a família. Foi exilado em setembro de 1964. Passando um ano na Iugoslávia. Transferiu-se, posteriormente, para o Chile, onde produziu vários trabalhos, entre eles Ciência e existência, publicado no Brasil em 1969, e Sete Lições sobre educação de adultos. Com saudades do Brasil, retorna ao país no período mais negro da ditadura militar, isto é m 1968.

Fledson Sena
(086)8807-2562/ 9810-0522
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