SETE LIÇÕES SOBRE
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
(RESENHA)
FONTE:
Pinto, Álvaro Vieira, 1909 – Sete lições sobre educação de adultos/Álvaro
Vieira Pinto: introdução e entrevista de Demerval Saviani e Betty Antunes de
Oliveira; versão final revista pelo autor. – São Paulo: Autores Associados:
Cortez, 1987.
Em sua obra: Sete Lições sobre educação de adultos,
Álvaro Vieira Pinto faz uma abordagem sobre temas, dos quais passamos a
analisar com olhar crítico-constritivo. Temas
que podem de alguma maneira influenciar na prática pedagógica de nossos
professores, nos mais variados níveis de ensino e principalmente aos
professores de jovens e adultos.
O primeiro tema explora o conceito de educação, em seus dois
significados, estrito e amplo. No sentido restrito, que é o da pedagogia
clássica, convencional e sistematizada, a qual se refere às fases infantil e
juvenil da vida do ser humano, quanto aos aspectos educacionais. Já em um
significado amplo tem como foco à existência humana em toda a sua duração e em
todos os seus aspectos.
Nesse sentido, a educação é vista como processo no qual a sociedade forma
seus membros para atenderem os anseios desta sociedade, ou seja, a educação é
trabalhada segundo os interesses da sociedade. Segundo o caráter
histórico-antroplógico da educação, observa-se a educação como um processo,
como um decorrer de um fenômeno, portanto um fato histórico. Sendo por isso,
histórico em dois sentidos, primeiro no sentido de representação histórica e
segundo, no sentido da vinculação à fase vivida pela comunidade em sua
evolução.
Assim, em termos conceituais a educação é vista como fato existencial,
como fato social, como um fenômeno cultural, como uma modalidade de trabalho
social, como uma natureza contraditória, como essência concreta e como processo
exponencial.
O segundo tema faz uma relação entre conteúdo e a forma da educação. Por
isso, faz também uma abordagem do conceito ingênuo, onde o conteúdo apresenta a
definição de totalidades dos conhecimentos que se transmitem do professor ao
aluno. Outra abordagem se refere ao conceito crítico do conteúdo em que envolve
a totalidade do processo educativo, a qual está sempre presente em cada ato
pedagógico.
No sentido exposto acima, o conteúdo da educação, tal como a forma, tem
eminentemente serial e histórico. O que significa dizer que se defini cada
fase, onde cada situação de evolução de uma comunidade é vista sobre ótica
diferente.
O segundo tema trata ainda, sobre a forma da educação, sendo entendida
como uma realidade destacada do conteúdo. Por isso, que a tendência está
concentrada na melhoria dos procedimentos, bem como de técnicas pedagógicas.
No terceiro tema fala da concepção ingênua e crítica da educação, onde a
concepção ingênua é aquela que acredita que suas idéias não são procedentes de
idéias anteriores, ou seja, que não provem da realidade.
Já a consciência crítica é aquela que possui uma percepção dos condicionamentos
objetivos que fazem ter tal representação. Nesse sentido, torna-se
verdadeiramente autoconsciência.
Como quarto tema, traz uma análise das características que distinguem as
modalidades de educação infantil e educação de adultos com relação à tarefa
geral da educação. A educação é vista como uma tarefa social em que nada está
isento a ela e que se trata de processo contínuo durante toda a vida do
indivíduo. Sendo, por isso, o aproveitamento das capacidades do todo social em
seu benefício.
Diz ainda que, a distinção entre as modalidades se dá apenas em relação
ao desenvolvimento fisiológico e psicológico do homem, também pela
possibilidade de trabalho e da estrutura social que determina as normas
vigentes. No entanto, não se pode reduzir o adulto à criança, nem tão pouco
tratar a criança como adulto.
Neste sentido pode se dizer, que a distinção de idades se traduz pela
distinção de experiências acumuladas, isto é, da pré-escola que a sociedade
concede a criança e ao adulto em razão do desigual período de vida que cada
possui.
O quinto tema faz uma análise reflexiva sobre o estudo particular do
problema que envolve a educação de adultos, discute a realidade social do
adulto e sua condição enquanto trabalhador e o conjunto de experiências e
conhecimentos básicos que o mesmo pressupõe.
O adulto sendo membro da sociedade é responsável pela força de produção
para manutenção desta sociedade, por isso, é um ser pensante e atuante em sua
comunidade desde seja concedido a ele, adulto, as condições para modificar suas
atitudes as quais estão interligadas a sua perspectiva de vida. Logo, a
educação de adultos é uma condição necessária para o avanço do processo
educacional nas gerações infantis e juvenis.
É exatamente por isso, que o educador deve considerar o educando como um
ser pensante, um portador de idéias, o qual é dotado de alta capacidade
intelectual, revelando-se espontaneamente em sua conversação em sua crítica aos
fatos, em sua literatura oral. É papel do educador, criar as condições de
estimulo para estas conversações aconteçam.
O sexto tema traz novamente uma abordagem sobre o problema da
alfabetização, refletindo que antes de considerar o educando como analfabeto,
considera-lo como ser humano, como um indivíduo que tem a sua história com suas
próprias experiências de vida.
Levanta ainda, que é preciso desmistificar e anular o pensamento da
consciência ingênua na qual acredita que o indivíduo e só o indivíduo é
responsável pelo seu próprio analfabetismo, como se o analfabeto fosse uma
estado de vício de formação individual, onde a responsabilidade recai sobre o
analfabeto e sua família, excluindo a sociedade da sua responsabilidade de
educar os seus cidadãos. Assim, se o adulto se torna analfabeto é porque as
suas condições de vida o levaram a tal condição, ou seja, as suas condições
materiais lhe permitiram apenas o mínimo de conhecimentos e de aprendizagem
adquirida de forma oral.
Um aspecto, na análise é sobre a finalidade que a sociedade dá à
alfabetização de adultos, em que a sociedade relaciona a alfabetização ao
processo produtivo, revelando assim uma alfabetização para o trabalho. Nesse
aspecto chama a atenção que se a finalidade de alfabetizar está relacionada ao
trabalho, então o indivíduo pode permanecer analfabeto, pois ainda proporciona
todo o trabalho que dele a sociedade pode obter.
O sétimo e último tema, faz um questionamento com relação à formação do
educador, perguntando essencialmente “Quem educa o educador?”.
Lembra também que do ponto de vista da consciência crítica não existe uma
verdadeira função do professor a não ser diante da intensificação das
influências sociais. Logo, é a sociedade quem dita tipo de concepção que cada
educador deverá ter dentro do seu exercício profissional. Por isso, a própria
sociedade está sempre delegando os alguns de seus membros a função de educar os
jovens e adultos.
Portanto, o educador deve ter, sempre, a compreensão de sua formação de
que tipo de sociedade ele participa, a qual atua de forma indireta e
diretamente na sua formação. Nesse ponto, diz que a sociedade educa o educador
dentro de um processo complexo, cada vez crescente.
Mas, verdadeira condição para o aperfeiçoamento do educador se encontra
não somente na sensibilidade de estímulos, mas antes de tudo na consciência de
sua natureza inclusa como sabedor e como não poderia deixar ser, como um ser
crítico.
Percebe-se que, as idéias contidas no livro “Sete Lições Sobre Educação
de Adultos” (Álvaro Vieira Pinto, 1987), traz um pensamento de um homem que
vivia muito além de seu tempo. Suas idéias sobre educação de jovens e adultos,
apresentam uma vivacidade, pois traça a realidade da educação brasileira,
quanto a seu papel de formação de seus cidadãos, de formação de seus educadores
e da sociedade como um todo.
Portanto, um povo consciente e educado, conhecedor dos seus direitos e
deveres é um povo que se mobiliza na aquisição de mais direitos na expectativa
de melhoria da vida individual e social. Por isso, é papel fundamental da
sociedade criar mecanismos que propiciem ao seu povo a liberdade de tornar
esclarecido e construtor da vida social para o social.
FALANDO SOBRE O AUTOR:
Álvaro Vieira Pinto, proveniente de classe média pobre, teve necessidade
de trabalhar logo cedo. Foi aluno do colégio dos jesuítas, o Santo Inácio no
Rio de Janeiro. Estudou também na Faculdade Nacional de Medicina, onde teve
contato com muitos intelectuais que naquele tempo estavam saindo da agitação do
período da Semana de Arte Moderna. Seguiu a carreira médica com muita
dificuldade, porque logo depois seu pai passa por um fracasso econômico e ficou
sem apoio, tento por isso, que trabalhar para sustentar a família. Foi exilado
em setembro de 1964. Passando um ano na Iugoslávia. Transferiu-se,
posteriormente, para o Chile, onde produziu vários trabalhos, entre eles Ciência e existência, publicado
no Brasil em 1969, e Sete Lições sobre educação de adultos.
Com saudades do Brasil, retorna ao país no período mais negro da ditadura
militar, isto é m 1968.
Fledson Sena
(086)8807-2562/ 9810-0522
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Sou estudante de pedagogia... e seu blog me ajudou muito... obrigada
ResponderExcluirParabéns pelo blog!
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