segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA



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O USO DAS BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DA CRIANÇA


                   O brinquedo e a brincadeira ajudam na prática escolar, agindo como uma ação motivadora para a criança, experimentando as necessidades onde seus desejos não realizáveis sejam supridos através do brinquedo, como um mundo real e o imaginário. A criança vai construindo seu conhecimento de mundo de modo lúdico, transformando o real com os recursos da fantasia e da imaginação, elementos necessários à aprendizagem.

                 A criança que brinca precisa ser respeitada, pois seu mundo é mutante, e está em permanente oscilação entre fantasia e realidade. Precisa tanto de brinquedos como de espaço, o suficiente para que se sinta a vontade e dona do mesmo. Nessa perspectiva é que a brincadeira deve estar no contexto escolar, onde pais e educadores precisam levar a sério esta tarefa, como uma ação motivadora, pois a criança começa a experimentar necessidades, onde os desejos não realizáveis podem ser realizados através do brincar. Piaget diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo,  por isso, indispensável à prática educativa (Piaget apud Aguiar, 1977: 58).

                Na sala de aula da educação infantil é que as crianças constroem a aprendizagem através do brincar, criando e imaginando situações de representações simbólicas entre o mundo real e o mundo a ser construído. É através da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a ele se integrando, adaptando-se às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir e cooperar com seus semelhantes e conviver como um ser social.  Nesse ponto Vygotsky ao explicar o que é zona de desenvolvimento proximal, diz:

... É a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (Vygotsky, 1998. p 112)

                Sendo assim, a criança que brinca, e obviamente em se tratando de brincadeiras que se utiliza de brinquedos é que a criança fará esta ponte entre o nível real e o potencial, sob o olhar atento do(a) professor(a) que dará as orientações em forma de colaboração. Sem, contudo tolher a criatividade da criança, pois segundo Freud apud Kishimoto, explica que:

Cada criança em suas brincadeiras comporta-se como um poeta, enquanto cria seu mundo próprio ou, dizendo melhor, enquanto transpõe os elementos formadores de seu mundo para uma nova ordem, mais agradável e conveniente para ela (p. 57, 1997)


                A garantia do espaço do brincar no contexto escolar é a garantia de uma possibilidade de educação da criança em uma perspectiva criadora, voluntária e consciente. A escola obrigatória que não é lúdica não mantém seus alunos, porque eles não têm meios de pensar na escola como algo que lhes será bom em um futuro remoto, aplicada a profissões que eles nem sabem direito o que são ou significam.
               O professor do ensino infantil deve dar condições à criança para que ela adquira conhecimentos formais e para que desenvolva seu pensamento. Na escola se deve brincar por brincar e o professor torna-se a peça chave no processo educativo, oferecendo ferramentas no sentido de possibilitar novas aprendizagens.
                Macedo (2005, p. 14) diz que “brincar é sem dúvida uma forma de aprender. Mas é muito mais do que isto, é experimentar, relacionar-se, transformar-se, negociar”. Assim os educadores devem oportunizar o crescimento da criança de acordo com seu nível de desenvolvimento, oferecendo um ambiente de qualidade que estimule as interações sociais, um ambiente enriquecedor de imaginação, onde a criança possa atuar de forma autônoma e ativa, fazendo com que venha a construir o seu conhecimento.
                Para Vygotsky (1988), aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida. Assim, é fácil concluir que o aprendizado da criança começa muito antes de ela freqüentar a escola. Todas as situações de aprendizado que são interpretadas pelas crianças na escola já têm uma história prévia, isto é, a criança já se deparou com algo relacionado do qual pode tirar experiências.
Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. (...) o conceito em Vygotsky tem um significado mais abrangente, sempre envolvendo interação social. (OLIVEIRA, 1995, p. 57).
                Oliveira (1995) interpreta Vygotsky, afirmando que o aprendizado é um aspecto necessário para o desenvolvimento das funções psicológicas, as quais são organizadas pela cultura e, assim, caracterizam-se como especificamente humanas. Há o percurso natural do desenvolvimento definido pela maturação humana, mas é o aprendizado junto ao contato do individuo com um ambiente cultural que possibilita o acontecer dos processos psicológicos internos. O desenvolvimento da pessoa está extremamente ligado a sua relação com o ambiente sócio-cultural e só irá vingar se tiver o contato e o suporte de outros indivíduos de sua espécie. O desenvolvimento fica impedido de ocorrer na falta de situações propícias ao aprendizado.
                 Com isso, é possível entender que o brincar auxilia a criança nesse processo de aprendizagem. Ele vai proporcionar situações imaginárias em que ocorrerá o desenvolvimento cognitivo e irá proporcionar, também, fácil interação com pessoas, as quais contribuirão para um acréscimo de conhecimento.
                 Vygotsky (1989, p.64) assevera-nos que “todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro entre pessoas (interpsicológica) e, depois, no interior da criança (intrapsicológica)”. Para ele, as origens da vida consciente e do pensamento abstrato deveriam ser procuradas na interação do organismo com as condições de vida social e nas formas histórico sociais da espécie humana, procurando analisar o reflexo do mundo exterior no mundo interior dos indivíduos, a partir da interação destes sujeitos com a realidade.
                 A concepção vygotskyana tem como princípio a dimensão sócio histórica do psiquismo onde, o pensamento é construído aos poucos. Esta abordagem procura explicar o desenvolvimento humano considerando a história:

“O objetivo central desta teoria é caracterizar aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se formam ao longo da história humana e como se desenvolvem durante a vida do indivíduo”, afirma Vygotsky, (1995, p. 38).
                Assim, ao mesmo tempo em que o homem transforma o seu meio, ele transforma a si mesmo. Portanto, o desenvolvimento humano ocorre através de trocas recíprocas entre o indivíduo e o meio, influindo um sobre o outro, continuamente.
               Segundo a abordagem histórico-cultural a criança nasce em um mundo humano e aos poucos vai se adequando aos objetivos e fenômenos de seu meio cultural. Por esta razão, para Vygotsky, não existe uma seqüência universal de estágios cognitivos. É a interação do indivíduo com o meio a característica definidora da constituição humana. Esta constituição depende do desenvolvimento de funções mentais superiores que são:
Mecanismos intencionais, ações conscientes controladas, processos voluntários que dão ao indivíduo a possibilidade de independência em relação às características do momento e espaço presente (Rego (Vygotsky, 1994, p.39).
                Nesse sentido, os centros de educação infantil são por excelência o local onde a vida coletiva favorece as interações em grupo, pois são ambientes que recebem, constantemente, influências das condições sócio-culturais, determinantes do processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças.
Fledson Sena

REFERENCIAS:
PIAGET, Jean e INHELDER, Bärbel: A Psicologia da Criança. Tradução de Octavio Mendes Cajado – 16ª ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança, imitação, jogo, sonho, imagem e
representação. de jogo: São Paulo: Zahar, 1971.
VYGOTSKY, L. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone,
1992.
VIGOTSKI, Lev Semenovich. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Tradução José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche – 6ª ed –São Paulo: Martins Fontes, 1998.




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