Caso queira deixar algum comentário clique na palavra comentários ao final deste artigo.
E saiba que é um grande prazer ter você pensando com agente, obrigado!
O USO DAS BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO
SOCIAL DA CRIANÇA
O brinquedo e a brincadeira ajudam na prática
escolar, agindo como uma ação motivadora para a criança, experimentando as
necessidades onde seus desejos não realizáveis sejam supridos através do
brinquedo, como um mundo real e o imaginário. A criança vai construindo seu
conhecimento de mundo de modo lúdico, transformando o real com os recursos da
fantasia e da imaginação, elementos necessários à aprendizagem.
A criança que brinca precisa ser respeitada, pois seu mundo é
mutante, e está em permanente oscilação entre fantasia e realidade. Precisa
tanto de brinquedos como de espaço, o suficiente para que se sinta a vontade e
dona do mesmo. Nessa perspectiva é que a brincadeira deve estar no contexto
escolar, onde pais e educadores precisam levar a sério esta tarefa, como uma
ação motivadora, pois a criança começa a experimentar necessidades, onde os
desejos não realizáveis podem ser realizados através do brincar. Piaget
diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da
criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa (Piaget apud Aguiar,
1977: 58).
Na sala de aula da educação infantil é que as crianças constroem a
aprendizagem através do brincar, criando e imaginando situações de representações
simbólicas entre o mundo real e o mundo a ser construído. É através da
atividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do
meio em que vive, a ele se integrando, adaptando-se às condições que o mundo
lhe oferece e aprendendo a competir e cooperar com seus semelhantes e conviver
como um ser social. Nesse ponto Vygotsky
ao explicar o que é zona de desenvolvimento proximal, diz:
... É a distância entre o nível de
desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente
de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da
solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com
companheiros mais capazes. (Vygotsky, 1998. p 112)
Cada criança em suas brincadeiras comporta-se
como um poeta, enquanto cria seu mundo próprio ou, dizendo melhor, enquanto
transpõe os elementos formadores de seu mundo para uma nova ordem, mais
agradável e conveniente para ela (p. 57, 1997)
A garantia do espaço do brincar no contexto escolar é a garantia de
uma possibilidade de educação da criança em uma perspectiva criadora,
voluntária e consciente. A escola obrigatória que não é lúdica não mantém seus
alunos, porque eles não têm meios de pensar na escola como algo que lhes será
bom em um futuro remoto, aplicada a profissões que eles nem sabem direito o que
são ou significam.
O professor do ensino infantil deve dar condições à criança para
que ela adquira conhecimentos formais e para que desenvolva seu pensamento. Na
escola se deve brincar por brincar e o professor torna-se a peça chave no
processo educativo, oferecendo ferramentas no sentido de possibilitar novas
aprendizagens.
Macedo (2005, p. 14) diz que “brincar é sem dúvida uma forma de
aprender. Mas é muito mais do que isto, é experimentar, relacionar-se,
transformar-se, negociar”. Assim os educadores devem oportunizar o crescimento
da criança de acordo com seu nível de desenvolvimento, oferecendo um ambiente
de qualidade que estimule as interações sociais, um ambiente enriquecedor de
imaginação, onde a criança possa atuar de forma autônoma e ativa, fazendo com
que venha a construir o seu conhecimento.
Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos
processos sócio-históricos, a idéia de aprendizado inclui a interdependência
dos indivíduos envolvidos no processo. (...) o conceito em Vygotsky tem um
significado mais abrangente, sempre envolvendo interação social. (OLIVEIRA,
1995, p. 57).
Com isso, é possível entender que o
brincar auxilia a criança nesse processo de aprendizagem. Ele vai proporcionar
situações imaginárias em que ocorrerá o desenvolvimento cognitivo e irá
proporcionar, também, fácil interação com pessoas, as quais contribuirão para
um acréscimo de conhecimento.
Vygotsky (1989, p.64) assevera-nos que
“todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro,
no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro entre pessoas
(interpsicológica) e, depois, no interior da criança (intrapsicológica)”. Para
ele, as origens da vida consciente e do pensamento abstrato deveriam ser procuradas
na interação do organismo com as condições de vida social e nas formas
histórico sociais da espécie humana, procurando analisar o reflexo do mundo
exterior no mundo interior dos indivíduos, a partir da interação destes
sujeitos com a realidade.
“O objetivo central desta teoria é
caracterizar aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses
de como essas características se formam ao longo da história humana e como se
desenvolvem durante a vida do indivíduo”, afirma Vygotsky, (1995, p. 38).
Segundo a abordagem histórico-cultural a
criança nasce em um mundo humano e aos poucos vai se adequando aos objetivos e
fenômenos de seu meio cultural. Por esta razão, para Vygotsky, não existe uma seqüência
universal de estágios cognitivos. É a interação do indivíduo com o meio a
característica definidora da constituição humana. Esta constituição depende do
desenvolvimento de funções mentais superiores que são:
Mecanismos
intencionais, ações conscientes controladas, processos voluntários que dão ao
indivíduo a possibilidade de independência em relação às características do
momento e espaço presente (Rego (Vygotsky, 1994, p.39).
REFERENCIAS:
PIAGET,
Jean e INHELDER, Bärbel: A Psicologia da Criança. Tradução de
Octavio Mendes Cajado – 16ª ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança, imitação, jogo, sonho, imagem
e
representação. de jogo:
São Paulo: Zahar, 1971.
VYGOTSKY, L. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone,
1992.
VIGOTSKI, Lev Semenovich. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Tradução José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche – 6ª ed –São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Nenhum comentário:
Postar um comentário